CLICK HERE FOR BLOGGER TEMPLATES AND MYSPACE LAYOUTS

segunda-feira, agosto 07, 2006

Amar é Derrubar Muralhas

Há uns dias atrás fizeram-me uma proposta...

A proposta em si de assustador nada tinha. Bem pelo contrário, era apetecível como um bolo de chocolate, daqueles com cobertura dupla ainda a escorrer pelos rebordos.

O requisito para comer uma fatia de 10.000 calorias capaz de proporcionar um orgasmo tântrico (3 horas, diz o Zé Pedro?) era subir uma muralha que mais parecia a da China.

Ora eu como sou esperta, cá do meu banquinho, bem longe e com uns binóculos pus-me a apreciar a coisa. Bem ao estilo do controlador precavido analisei os kms até à muralha, altura, textura da construção, influência da temperatura e inclinação do eixo terrestre na minha escalada. Se era para fazer, era para fazer à séria...

Olhando uma última vez para me certificar de que a muralha ainda estava no sítio, vi a Carla no topo aos pulos e esbracejante, como se o Mundo estivesse a terminar e só faltasse eu para me deliciar com a bela da fatia. Com tanto sinal de fumo e antes que me responsabilizassem pelo aumento do efeito de estufa, fiz-me à estrada: "Minha amiga, vais escalar aquela muralha nem que esfoles os joelhos, cotovelos e todas as extremidades imagináveis."

E ou eu sou muito cegueta, ou o medo funciona como lupa com poder de ampliação 10.000 x. Quando cheguei, pronta para a saga da escalada, tive de me rir perante a cerca de jardim com 50 cms de altura, derrubável com um espirro.

Do outro lado, a comitiva de recepção estava já em processo avançado de festejo, talvez um pouco alcoolizados e sem algumas roupas, com um post-it estampado em cada testa: "LOUCO? Sim, mas FELIZ!"

E o bolo? Consta que alguém fugiu com a última fatia e raptou o cozinheiro. Amar é derrubar muralhas... ou talvez cercas de jardim.

domingo, agosto 06, 2006

Dizer Sim

Há quem diga que a espiritualidade é dizer sim a tudo. Eu concordo com esse alguém que o diz.

O verdadeiro Amor passa pela aceitação incondicional de si próprio e dos outros...

Aceitar que cada qual é perfeito à sua maneira, que cada um tem o seu próprio ritmo de aprendizagem e capacidade de escolha é reconhecer que isso é verdade para mim também.
Dizer que os outros são impuros pelas escolhas que tomam, por essas escolhas serem diferentes daquelas que para mim são as mais adequadas, é negar a perfeição divina que existe em cada um.

Porque o que eu vejo nos outros é o reflexo daquilo que reconheço que existe ou já existiu em mim, o verdadeiro Amor passa por aceitar que ninguém "tem de ser" perfeito, mas que pode escolher sê-lo quando o desejar.

O que faço aos outros é um reflexo do que faço a mim própria. Aceitar que todos têm a possibilidade de criar nas suas vidas as experiências que os conduzem às aprendizagens de que necessitam é aceitar que também eu tenho esse direito. Que posso "tropeçar" e levantar de novo, aprendendo.

Para mim, Amor é sinónimo de Liberdade e Respeito, é reconhecer que ninguém é igual a ninguém e que, ainda assim, todos somos feitos do mesmo. No final, a escolha é de cada um e ninguém é superior por estar um passo à frente. A criança da 1ª classe não é menos do que a da 4ª. No seu próprio tempo, ela há-de lá chegar.

E tudo bem... O Universo é perfeito.

sábado, agosto 05, 2006

Parábola da Lâmpada

Eu cá suspeito de que quem teve a ideia de formar o Clube da Crítica, Culpa e Castigo devia estar de mau humor nesse dia. É que estes 3 são piores do que a PIDE e quando trabalham em conjunto, o Hitler parece um anjinho ao seu lado.

Correndo o risco de plagiar um tal de Cristo, vou usar aqui a técnica da parábola:

Imaginem um tipo porreiro que tem uma lâmpada teimosa no WC, que pisca e estremelica quando se acende. Isto passa-se numa daquelas noites em que parece que há pulgas na cama e o tipo levanta-se desgrenhado e com olheiras para responder ao apelo da Natureza, às 4h da madrugada.

Carrega no interruptor, ouve-se um "zzz" no tecto e fica tudo às escuras. Ele grunhe qualquer coisa entredentes, choca com a sanita 3 vezes e diz um palavrão. O trio ataca:
1 - Crítica: "Idiota... Já devias ter comprado uma lâmpada nova!"
2 - Culpa: "Agora vais sujar tudo porque não vês nada. Bem feito!"
3 - Castigo (de manhã): Nódoas negras nas pernas.

Segue-se a Escolha: comprar uma lâmpada na loja dos 300 ou fazer 300 kms até uma terra que não lembra ao menino Jesus, num carro que sacode por todos os lados, com geada no pára-brisas, no volante e no próprio assento, em busca do último modelo lâmpada 2010?
Pensando na fortuna já gasta em lâmpadas de baixa qualidade, o tipo enche-se de coragem e lá vai rumo à terra maravilha das lamparinas e candelabros de ouro.

Viver tem destas coisas...
Desconfio que assinei um atestado de loucura quando aceitei acreditar que nasci longe da "cidade das luzes" e que tinha apenas um caminho de cabras esburacado como ponto de partida.

A verdade é que a bendita cidade está debaixo do meu nariz e quando, depois de muitos kms percorrer, pergunto indicações a alguém de barbas brancas sentado no seu banco de madeira e ele responde:
"Oh menina, é já ali à direita e depois 50 metros sempre em frente!"
Abano a cabeça e em tom condescendente digo:
"Coitado, está senil."