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terça-feira, setembro 12, 2006

O Mistério das Coisas

Paz...

Como uma mão que limpa com suavidade a testa de todos os pensamentos difusos.

No silêncio que se instala, não há mais o que querer, temer ou esperar.
Como que apenas existisse este momento único e tudo perfeitamente repousasse no local que ocupa. Sem mistério.

Aqui mesmo, sentada neste pedaço de areia frente ao mar, observo o fluxo e refluxo de cores e relevos que mais parecem o tema de um quadro a óleo, pintado em momento de êxtase divino, e que insisto em saborear com deliciosa preguiça.

Enquanto se despede o sol do meu rosto, continua o mundo em reboliço surdo e aparente desconhecimento desta paz que me transborda do peito.
E eu pergunto para onde correm tantos pés ansiosos. Onde julgam eles encontrar um local mais perfeito para se estar do que este mesmo?

E nesta entrega ao doce embalo da Vida, expande-se-me no peito a profunda gratidão pelo sentir sublime de cada momento.


"O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol,
E a pensar muitas coisas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais do que pensamentos."


Alberto Caeiro - O Guardador de Rebanhos

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