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quinta-feira, julho 16, 2009

Sábios e Gurus

Esta é a história de Phi e de Ely, um buscador e um sábio.

Um belo dia, ao acordar pela manhã, Phi sentiu-se vazio e sem rumo, como se não existisse um caminho claro e definido a trilhar. Phi sabia que esta não era a primeira vez que se sentia assim. Sabia, também, que mais cedo ou mais tarde, esta sensação de estar "perdido" passaria e que outras sensações mais "fortes" captariam a sua atenção (como um belo prato de comida, conversar com os outros sobre os assuntos do dia, atolar-se de tarefas e objectivos profissionais...). De uma forma ou de outra, Phi esquecia o vazio e continuava a deambular, dia após dia, sem uma direcção consistente, rumo a um qualquer destino. Até que...

Na vida de Phi surgiu uma pessoa muito sábia, um guru. Ely era uma pessoa experiente, vivida, com muitas histórias para contar e uma visão muito clara para partilhar. Muitas pessoas encontravam em Ely um "porto de abrigo", uma fonte de amparo e de paz. Ely ajudava-as a recordar que "tudo estava bem" e que para tudo existia uma "solução". A grande diferença entre Phi e Ely era que Phi continuava a procurar algo que Ely já havia encontrado, dentro de si.


Phi, tal como muitos outros, determinara para si mesmo que Ely era "perfeito" e que um ser "iluminado" jamais poderia errar. Mas por muita sabedoria e experiência que tivesse acumulado, uma parte de Ely ainda vivia neste planeta, na forma humana. O que significava que, também ele, poderia passar por momentos de inconsciência e de parcialidade. E um dia, assim foi...

Ely tomou uma atitude defensiva e egóica, esqueceu-se por momentos da "verdade" (de que somos todos um, de que nada nos pertence... absolutamente nada) e Phi sentiu-se desiludido. Neste momento, Phi despertou da ilusão, da expectativa e da crença que tinha gerado, como que numa tentativa de assegurar que, pelo menos, alguém fora de si se sentia "seguro" e cheio de respostas.

Quantos de nós vivemos a reboque de ditos gurus e sábios? Quantos de nós colocamos a nossa intuição e percepção interior em segundo plano, para aceitar de uma forma incontestável algo que nos é dito por outra pessoa? Quando essa pessoa é tão humana quanto nós mesmos, e por isso, igualmente "falível".

Não existem pessoas perfeitas, nem "gurus perfeitos". Não existe maior sabedoria sobre a nossa própria vida do que aquela que carregamos dentro de nós. Não existe maior guia para o nosso caminho do que a sensação de conforto ou de desconforto que sentimos no peito, quando precisamos de tomar uma decisão.

Em momentos de "neblina interna", um farol externo pode ser um bom auxílio para ajudar a trazer luz sobre as nossas histórias pessoais. Mas ainda assim... aceitar viver deslumbrado por esse farol, mais do que pela própria luz interior, é apagar uma chama interna que precisa de viver bem acesa dentro de nós, para que toda esta caminhada tenha sentido.

Os sábios e gurus são apenas um reflexo da sabedoria que existe, também, em quem os vê. Que cada um possa ser o seu maior sábio e a sua maior orientação, para um caminho que é só seu!

terça-feira, julho 07, 2009

O Resgate

Para todos nós, existem momentos na vida em que o amor é a constante, e outros em que tudo se vira do avesso e as mudanças chegam, por vezes de forma inesperada. Seja como for, acredito que é importante manter-se consciente de que "tudo o que vai, volta" e de que "tudo o que vem, vai".

A máxima conhecida de Lavoisier "Nada se perde, tudo se transforma", é uma excelente guia para os momentos de incerteza e de surpresa. Se nada verdadeiramente nos pertence, se nem este corpo físico é efectivamente uma propriedade nossa, mas sim um veículo "emprestado" à nossa alma, para que esta cumpra um propósito ou missão, então nada do que existe exteriormente a nós pode ser considerado como um ganho, uma certeza ou uma conquista.

A maior e única conquista é interna. É a conquista de se "saber eterno". É a vitória de se despertar e de não mais viver iludido pelas "histórias" que nos são contadas. Este momento, em que os olhos internos se abrem para uma nova visão, mais abrangente e plena de sentido, acerca de quem se é e daquilo que se está aqui a fazer, é um momento de resgate.

Só um verdadeiro resgate da consciência nos permite ver, escutar e sentir com serenidade, aceitação e entrega cada momento, cada situação, cada oportunidade de se desapegar de algo que não é seu, e que intrinsecamente, faz parte de um acordo implicitamente estabelecido entre os seres humanos: o acordo de se viver com base na crença de que se é imperfeito, incompleto ou impuro.

Acordar, aceitar ser CONSCIENTE é, desde logo, deixar de sofrer por supostas "perdas ou enganos". Porque nem estas são reais. Se algo não me pertence, como o posso "perder"? E então este resgate acontece, efectivamente, o resgate da paz interna. E da certeza absoluta de que nada no universo fica por "saldar", de que todas as acções têm uma reacção, e de que para todas as pessoas existe uma medida justa, um balanço final que sempre é "acertado".

Aqui, deixa de existir espaço para ciúmes, invejas, jogos psicológicos, manipulações, sentimentos de injustiça ou de engano. Nada disso é real... E faz sempre parte de uma escolha pessoal permanecer absorvido por essa teia ou resgatar-se, libertar-se e assumir-se por completo, quem se é.